A Falta de Tempo faz parte da sua vida?
A maioria das pessoas reclama da falta de tempo. O imediato acesso à emissão e recepção de mensagens deixou o nosso dia-a-dia mais dinâmico – e histérico. A mesma tecnologia que chegou para facilitar a vida acabou gerando muita dor de cabeça, exigindo uma postura multitarefas que nem sempre é agradável ou realizável a contento. Quanto mais a comunicação evoluiu, menor ficou o respeito pela soberania do indivíduo enquanto dono de si e do seu próprio tempo.
O indivíduo se sobrecarregou a cada inovação tecnológica
Quando só sabíamos falar, era necessário aguardar a vez para trocar informações com um determinado interlocutor. Mais tarde, quando aprendemos a escrever, sobrecargas se tornaram factíveis pelo excesso de mensagens recebidas por escrito. Por exemplo, uma pessoa que recebesse 100 cartas por dia precisaria de 100 horas para lê-las, respondê-las e postá-las, na melhor das hipóteses. Algo cerca de 12 vezes superior ao padrão de 8 horas diárias de trabalho. A inviabilidade temporal estava instaurada.
Assim começou a constante falta de tempo da humanidade
O próximo avanço na comunicação interpessoal foi o telefone, que com a sutileza de uma patada de elefante começou a tocar no meio de jantares familiares e outras horas impróprias. Não satisfeito em nos perseguir no trabalho e residência, ele evoluiu e se transmutou em um monstro móvel e onipresente, rebatizado de celular. Àquelas alturas, sentar para uma conversa com outro ser humano se transformou em uma missão quase impossível. O telefone fixo poderia interromper o diálogo a qualquer momento. Cartas e mais cartas poderiam chegar durante a conversa de apenas 30 minutos. O celular poderia disparar dentro do bolso de um dos presentes. Os breves encontros passaram a já nascer tensos e com chances de prejuízo aos participantes, que mais tarde teriam acúmulo de telefonemas e cartas para responder – isso caso resistissem à tentação de atender aos chamados telefônicos em detrimento da reunião pessoal corrente.
O tempo passou a correr em várias instâncias
Com o advento da internet, as cartas passaram a ter envio e recepção instantâneas. Receber 300 emails por dia passou a ser a realidade de alguns. Mensagens via redes sociais e aplicativos como WhatsApp chegam sem parar e sem pedir licença. Do outro lado, os emissores das mensagens exigem resposta, vez que eles mesmos estão também estressados por não conseguirem dar atenção a todas as comunicações à sua volta. E assim o tempo começou a ser contabilizado em diferentes planos, apesar de só termos cerca de 16 horas por dia para viver. 16 horas insuficientes para atender a estes diferentes planos de contagem.
Conheça algumas curiosidades da geração de informações versus tempo no Mundo Digital:
- Mais de 6 bilhões de horas de vídeo são assistidas por mês no YouTube. Um mês tem 720 horas;
- 100 horas de vídeo são enviadas ao YouTube a cada minuto;
- A Wikipédia tem mais de 30 milhões de artigos. A rede de editores do site cresce ao ritmo de 10 por segundo em todo o mundo.
Como retomar as rédeas do tempo
Apesar das dificuldades para enfrentar o ritmo do Mundo Digital, existem, sim, algumas atitudes que podem nos ajudar a retomar as rédeas do tempo. A que considero mais importante é aceitar que não somos onipresentes, tampouco paranormais. Não podemos participar de tudo que gostaríamos – ou deveríamos – participar. Não conseguimos ler tudo o que é escrito. Não conseguimos assistir a sequer uma fração do que nos é sugerido. Não conseguimos dar atenção a todos que nos procuram. E, nem por isso, precisamos nos estressar. Lembremos que quem está do outro lado também vive no Mundo Digital e é tão desafiado pela não linearidade do tempo quanto você.