Será que o próximo consumidor vai comprar tudo online?
Há sempre um burburinho de mercado, um sentimento, uma expectativa de que, em algum momento, o varejo físico como o conhecemos deixará de existir e todas as transações migrarão para o mundo virtual.
No entanto, já são 25 anos da fundação da Amazon e, mesmo no mercado americano, as vendas online representam uma pequena parte de todo o varejo.
Será que o jovem de hoje, que passa grande parte do seu tempo olhando para o celular, conversando em chats e assistindo ao YouTube, vai mudar esse cenário quando entrar no mercado de consumo?
Para responder a essa e outras questões, o Grupo OM Marketing & Comunicação, por meio do Instituto JD Rodrigues, e a Diferencial Pesquisa de Mercado desenvolveram o estudo O Próximo Consumidor, que abordou hábitos, atitudes e comportamentos de compra de jovens das classes ABC, de 16 a 18 anos, que entram agora no Ensino Superior e, em 5 anos, ingressarão plenamente no mercado de trabalho.
Não é uma surpresa que o celular seja a grande vitrine do mundo para esses jovens: 98% possuem smartphone, e esse número é exatamente igual entre as classes econômicas. É na classe C, inclusive, que eles ficam mais tempo diante de telas e mais seguem canais do YouTube.
Esses jovens estimam que 30% de suas compras sejam realizadas pela internet, enquanto 70% ocorrem em lojas físicas.
À primeira vista, o percentual online pode parecer pequeno, mas os índices do segmento revelam uma participação média de 10% do e-commerce sobre as vendas totais do varejo (dependendo da fonte consultada).
Ou seja, mesmo comprando mais em lojas físicas, a proximidade desse jovem com o canal online é bem maior.
Os meninos compram mais pela internet do que as meninas: 36,9% do volume total contra 24,4%. No entanto, longe de ser uma questão de acesso à tecnologia, o dado parece ser mais explicado pela cesta de compras.
Em lojas físicas, esses jovens declaram que 64,7% de suas compras são referentes a roupas, moda, vestuário. Para as meninas, esse percentual atinge 72%.
Para esse público, a compra em lojas físicas é basicamente destinada a roupas. Como as meninas compram mais esses itens, a tendência é que usem ligeiramente mais o varejo offline.
As compras na internet seguem uma lógica totalmente diferente.
As roupas também aparecem em primeiro lugar como item mais comprado, mas com apenas 22%, seguido de perto de equipamentos e eletrônicos, com 17,5%, livros e papelaria, com 11% e acessórios eletrônicos (cabos, mouses, webcams) com 7,7%.
Ou seja, as lojas físicas se prestam a basicamente uma categoria para esses jovens. Na internet, eles apresentam um comportamento mais próximo ao do consumidor atual, com uma cesta mais diversificada.
Em ambos os canais, a cesta de compras é muito característica: roupas, equipamentos e eletrônicos, livros e papelaria, cuidados pessoais, games e tênis. Esses são os itens atuais de consumo desses jovens.
Em que lojas físicas eles compram? É claro que as de roupas são as preferidas. Mas quais marcas se destacam?
Não deixa de ser surpreendente que citem marcas de redes tradicionais.
A que mais declararam frequentar é a Renner, com 25,6% de citações. Entre as mais bem colocadas, aparecem, ainda, a C&A, em 3º lugar, com 14,5%, Zara, em 7º, com 7,9%, e Riachuelo, em 11º, com 4,1%.
O movimento de reposicionamento que tanto Renner, C&A e Riachuelo fizeram ao longo dos últimos anos, modernizando a linguagem, desenvolvendo o ponto de venda e aproximando-se do mundo fashion, gerou, com desse público, resultados bastante significativos.
Outras lojas preferidas do público são Nike, Adidas, Americanas, Livrarias Curitiba, Centauro, Saraiva e O Boticário.
O consumidor vai comprar tudo online?
Ou seja, o jovem de hoje, mais conectado ao mundo online, tende a elevar o percentual de compras na internet, mas ainda continuará a frequentar o varejo físico e as lojas que se conectaram com ele nos últimos anos, mesmo que sejam marcas tradicionais reinventadas.
Leia também o artigo LUPA – UM OLHAR CRITERIOSO SOBRE A COMUNICAÇÃO, de Renato Cavalher.